Controle de Custos Corporativos
Tudo que você precisa saber sobre índices de liquidez na empresa
Índices de liquidez são uma parte central da gestão de qualquer negócio. Afinal, trata-se de métricas que representam e mensuram a capacidade de pagamento de uma empresa — algo que afeta desde a sua credibilidade junto ao mercado até a manutenção da operação cotidiana.
Mais que isso, ter essas informações ajuda a tomada de decisão empresarial a ser mais eficiente e efetiva. Afinal, permite que ações que melhoram os resultados desses cálculos sejam realizadas para proteger o patrimônio corporativo, tanto precavendo quanto respondendo a cenários desafiadores.
Com tantas vantagens, que tal aprender os pontos mais importantes do que há para saber sobre o assunto? Confira a seguir um conteúdo completo!
O que são índices de liquidez?
Índices de liquidez são um conjunto de indicadores que buscam mensurar a disponibilidade de recursos de uma empresa e a sua capacidade de cumprir com as obrigações assumidas. Eles funcionam com a comparação dos valores devidos com os direitos, de forma a entender se, no fim das contas, esses últimos cobrem as dívidas.
Com base em informações disponíveis nas demonstrações contábeis, essas métricas demandam a realização de cálculos para serem aferidas. O índice de liquidez geral, por exemplo, é o mais conhecido, sendo calculado pela fórmula:
Liquidez geral = (ativo circulante + realizável a longo prazo) /
(passivo circulante + exigível a longo prazo)
O valor final demonstra quanto o empreendimento tem em ativos para cada real devido. Assim, é viável saber se há o suficiente para o pagamento sem precisar vender bens, patrimônios ou outros recursos permanentes. Todavia, é preciso perceber que se trata de um retrato do momento. Portanto, o ideal é avaliar com frequência.
Quais são os principais índices e como calcular cada um?
Além da liquidez geral, há outros tipos de indicadores que entram nessa categoria. A seguir, listamos os principais e explicamos como calcular cada um. Veja!
Índice de liquidez corrente
Entender o que é liquidez corrente passa por diferenciá-la dos outros índices que estão nessa categoria. Nesse caso, seu foco está nas obrigações de curto prazo. Assim, sua fórmula é:
Liquidez corrente = ativo circulante / passivo circulante
Com isso em mente, basta procurar as informações nos balanços, balancetes ou demonstrações contábeis, aplicando-as nos respectivos fatores presentes no cálculo para chegar ao valor final.
Vamos a um exemplo? Se o ativo circulante estiver em R$ 13.100, e o passivo estiver em R$ 8.555, o resultado será R$ 1,53. Nesse caso, a empresa tem um capital de giro positivo, logo, apresenta capacidade de pagar as suas dívidas imediatas.
Índice de liquidez seca
Diferentemente dos outros índices de liquidez apresentados até agora, neste, a capacidade de arcar com as obrigações de curto prazo é medida com a exclusão dos estoques do ativo circulante. Para calcular, usa-se a fórmula:
Liquidez seca = (ativo circulante – estoque) / passivo circulante
O passo a passo é o mesmo. Utilizando o exemplo anterior, isso fica evidente. Se os estoques somam R$ 6.300, o resultado será R$ 0,79. Ou seja, a empresa precisaria vender, ao menos, uma parte do que tem estocado para realizar todos os pagamentos.
Índice de liquidez imediata
A palavra "imediata" no nome já indica que esse índice de liquidez é o que visa a mensurar a disponibilidade em um período muito próximo. Nesse caso, ele apenas considera os recursos que podem ser retirados e usados no momento. Com as contas a receber de fora, sua fórmula é:
Liquidez imediata = disponível / passivo circulante
Para exemplificar, vamos seguir usando o passivo circulante de R$ 8.555, mas com R$ 4.400 disponíveis. Diante disso, o resultado cai para R$ 0,51. Portanto, o negócio não poderia pagar todas as dívidas só com os valores em caixa, contas ou aplicações de resgate imediato.
Como interpretar índices de liquidez?
Nos exemplos dos índices de liquidez, é possível perceber que quanto menor o valor dos ativos e maior o dos passivos, pior é a situação das finanças corporativas, certo? Para interpretar os cálculos de forma coerente, a fim de tomar boas decisões, uma regra que cabe é:
- se o resultado é igual a 1, a empresa consegue pagar suas obrigações, mas não há sobra. Nesse caso, ela fica no famoso "zero a zero" no final das contas;
- se o resultado é menor que 1, o empreendimento não tem condições de arcar com o que é devido — um exemplo é a resposta de R$ 0,79 obtida para a liquidez seca. Isso significa que, para cada R$ 1 em dívidas, a organização tem apenas R$ 0,79 em recursos para pagá-las:
- se o resultado é maior que 1, o negócio é capaz de realizar os pagamentos e ainda tem um excedente — a liquidez corrente mostra esse cenário, já que, para cada R$ 1 devido, a corporação conta com R$ 0,53 a mais.
No entanto, a análise dos resultados não pode se limitar a esse padrão. É preciso considerar as datas em que as quitações são esperadas para entender qual dos tipos dessa métrica precisa ser considerado.
Afinal, não adianta ter uma sobra na liquidez corrente se há muitos ônus com validade imediata, baixa perspectiva de vender os estoques ou grande parte do dinheiro preso em investimentos de longo prazo.
Qual é a importância de uma boa análise?
Muitas métricas financeiras são importantes para uma análise completa da situação da empresa. Não à toa, são diversos os aspectos levados em consideração para avaliar a solidez e a saúde econômicas de uma corporação.
Todavia, os índices de liquidez são responsáveis por explicitar um elemento básico no que tange à gestão empresarial: a capacidade de pagamento. Como ela tem impacto cotidiano, trata-se de um indicador que está diretamente ligado à continuidade do empreendimento.
Por meio desses cálculos, fornecedores, parceiros e investidores conseguem saber muito sobre a forma como um negócio é administrado, bem como suas perspectivas com apenas alguns dados simples.
Pense só: quando não há recursos suficientes, a tendência é buscar empréstimos para cobrir o capital de giro. Isso também significa que os investimentos para expansão, melhoria e inovação devem cair.
Já aos gestores cabe utilizá-los para antecipar cenários, identificar atrasos, estimar lucros, entre outras medidas de previsibilidade, visando a tomar decisões que impeçam maiores problemas e voltadas para garantir a operação. Nesse sentido, sua importância está no conhecimento e na margem de ação que oferece aos interessados ou administradores.
Quais são as suas limitações?
Ainda que sejam vários os insights que os índices de liquidez são capazes de promover, essas métricas têm suas limitações. A começar pela necessidade de um entendimento profundo das causas e consequências por trás dos resultados para fazer uma correta interpretação. Por isso, a equipe analítica precisa se manter atualizada.
Tudo o que ampara a compreensão adequada dos números também está sujeito aos vieses dos gestores e avaliadores. Ou seja, para saber o quanto são confiáveis, o ideal é ver as conclusões com explicações sobre os fatores e o raciocínio em que se embasam.
Além disso, a capacidade de avaliar situações futuras se limita às informações que o analista tem no momento. Os cenários podem mudar rapidamente — por exemplo: se recebimentos esperados não ocorrem.
Aliás, os insumos informacionais são o ponto que mais pode afetar as percepções, à medida que, geralmente, são retirados dos balanços emitidos a cada trimestre. Desse modo, trata-se de um panorama limitado e que não permite acompanhar mudanças de maneira tão dinâmica. O ideal é considerar isso na avaliação para evitar erros.
Como as empresas usam métricas de liquidez na gestão?
Os índices de liquidez têm sido aplicados na gestão empresarial como uma forma de obter subsídios para uma tomada de decisão eficiente. A lógica por trás disso é simples: as escolhas baseadas em informações e dados sólidos são muito menos arriscadas. Mais que isso, tendem a gerar melhores resultados ou minimizar os negativos.
Na prática, essas métricas são consideradas junto a outros indicadores financeiros, operacionais e comerciais para entender o potencial de um negócio. Na mesma linha, a saúde financeira pode ser mapeada e acompanhada a longo prazo com essa base.
Já de uma maneira pontual e limitada, eles servem para avaliar tanto o fluxo de caixa quanto o capital de giro momentâneo. Apesar de contar com uma menor abrangência, tal contexto define a função principal desses cálculos.
Assim como corretoras e fundos de investimento, a administração de uma corporação também costuma utilizar esses números para analisar potenciais parceiros, fornecedores, aquisições e fusões. Isso porque, nessas operações, especialmente se atingem larga escala, as finanças de um empreendimento podem comprometer as de outro.
Como os índices de liquidez se comparam aos benchmarks?
Benchmarks são dados referenciais usados para que comparações sejam realizadas e conclusões sejam construídas a partir de referências. Assim, eles são fixados para que, depois, os resultados da empresa sejam analisados, tomando-os como padrão.
O primeiro passo para isso é estabelecer o que será posicionado dessa forma. No que se refere aos índices de liquidez, é comum escolher outros empreendimentos para servirem de métrica.
A depender do ramo e do tipo de negócio, é fundamental selecionar organizações do mesmo porte, que desenvolvam igual atividade e até que estejam situadas na região do estabelecimento.
Outra abordagem envolve usar o setor como benchmarking. Esse modelo analítico permite compreender a posição competitiva com base no retorno obtido em relação ao esperado dentro desse conjunto mais amplo. Logo, nem sempre é viável estabelecer se os principais concorrentes estão em melhores condições ou não.
Já os investidores podem se valer desse recorte para saber se uma organização está respondendo da maneira idealizada ao seu segmento, ou se está abaixo ou acima disso. Portanto, o objetivo do estudo é central para definir qual é o caminho mais indicado.
Como melhorar os índices de liquidez?
Os cálculos e as análises são só o começo da aplicação dos índices de liquidez. Isso porque esses processos devem servir ao negócio, impulsionando a adoção de ações de melhoria. Descubra quais a seguir!
Gestão de estoques
A escolha de analisar esse índice sem estoques na liquidez seca não é à toa. Afinal, muitos empreendimentos acabam imobilizando seus recursos ao investir em insumos, projetar vendas maiores do que o possível e produzir em excesso para atendê-las.
Assim, se a situação estiver instalada, o ideal é buscar vender os excedentes. Nesse caso, os manufaturados são prioridade por já terem valor agregado e pelo risco de perderem valor de mercado.
Quanto aos itens a processar, cabe verificar se haverá uma necessidade futura de adquiri-los novamente e se essa nova compra não representa um custo maior. Todavia, também é interessante perceber se a venda atual não é capaz de render bons lucros a partir de uma elevação de preços generalizada.
Por outro lado, organizações que querem agir preventivamente sobre o que está estocado devem trabalhar com um modelo de gestão mais enxuto, em que só adquirem as matérias-primas que vão usar e só transformam o que está vendido ou tem boa perspectiva de ser negociado rapidamente.
Gerenciamento de contas a receber
Outra situação que pode reduzir a liquidez envolve atrasos e falta de pagamentos por parte de clientes que compraram a prazo ou de forma parcelada. Nesse caso, é importante desenvolver um processo de cobrança eficiente, com propostas de negociação que permitam que o recebimento aconteça quanto antes.
Para começar, o ideal é promover organização e controle sobre quais são os valores em aberto. Ou seja, é preciso que todas as vendas realizadas e que devem ser pagas posteriormente sejam listadas. Mais que isso, é fundamental acompanhar o status de cada uma diariamente.
Além disso, construir um histórico de adimplência de cada comprador permite limitar novas transações para aqueles que estão atrasados ou já estiveram assim. Logo, os meios de monitoramento são essenciais para haver melhorias nesse ponto.
Renegociação de prazos e dívidas
Em última instância, renegociar dívidas e prazos com fornecedores ou outros credores é o melhor caminho para não cair na inadimplência e nem perder parceiros-chave por falta de pagamento. Reconstruir esses relacionamentos ou criar novos vínculos qualificados tende a ser desafiador.
Nesse caso, o ideal é ser franco, explicar a situação e apresentar uma proposta tão realista quanto justa. Isso porque quem vende para um negócio não pode se tornar um financiador da operação.
Outra ação útil é buscar quitar as obrigações de curto prazo antes, encerrando os compromissos que mais impactam a liquidez imediata enquanto se procura um replanejamento para honrar aquelas com vencimento mais distante.
Corte de gastos
Não é raro encontrar empresas que estão com pouca liquidez porque se endividaram desnecessariamente. Nessa hora, cortar os gastos que contribuem para que esse cenário se prolongue evita que a situação persista e haja um acúmulo de obrigações.
Assim, analisar quais são as despesas que não agregam valor ao produto ou serviço e nem ajudam o negócio a se desenvolver de alguma forma é primordial. Afinal, elas são o que primeiro deve ser eliminado para reequilibrar as contas.
Tais reduções devem compor um plano de contingência financeira amplo, desde que não representem queda na qualidade da produção. Por fim, uma análise da operação é uma maneira eficaz de visualizar desperdícios que aumentam os custos.
Venda de ativos não circulantes
Desde investimentos com resgate após doze meses até bens patrimoniais ou direitos de longo prazo entram nessa classificação contábil. Muitas vezes, são até o maquinário para o funcionamento da empresa ou uma forma de diversificar os rendimentos.
Entretanto, a venda de equipamentos em desuso ou que realizem tarefas secundárias que podem ser terceirizadas facilmente transforma os recursos parados em dinheiro para aumentar a liquidez do negócio. O mesmo vale para ações, títulos e dívidas.
Afinal, bancos e financeiras acabam se interessando por adquiri-los. Contudo, é importante evitar que essa se torne a fonte do financiamento do capital de giro para não ficar preso a processos de alavancagem financeira.
Revisão das políticas de crédito
Empresas que costumam financiar os seus produtos ou serviços aos clientes, seja porque eles têm um valor elevado, seja porque o público-alvo demanda isso, estão mais sujeitas à inadimplência que afeta o capital de giro e, em consequência, piora os índices de liquidez.
Para se ter uma ideia do impacto disso, segundo a Serasa, em março de 2024, eram 72,89 milhões de brasileiros nessa situação. A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), realizada mensalmente pela FecomercioSP, corrobora esse cenário, tendo atingido a taxa de 71,7% em maio do mesmo ano.
Assim, além de trabalhar no gerenciamento das contas a pagar, outra ação — nesse caso preventiva — a ser aplicada para lidar com esse problema é rever as políticas de crédito, com ênfase nos elementos que servem de barreira para a sua concessão a potenciais devedores.
Como um meio para guiar os colaboradores e gestores nesse momento, ter um regramento do que e de como avaliar com referências claras tende a diminuir o risco de perdas em larga escala em decorrência desse quadro. Mais que o histórico de atrasos ou de não pagamentos, a frequência com que uma dessas situações ocorreu deve pesar para minimizar limites, exigir valores de entrada ou negar a negociação a prazo, por exemplo.
Ainda, a capacidade de pagamento comprovada é outro fator que deve ser regrado com o estabelecimento do nível máximo que a dívida pode representar em relação às rendas totais ou ao patrimônio do comprador.
Se a transação ocorre entre corporações, os índices de liquidez e outras métricas são bons parâmetros. Ainda cabe verificar o tempo de abertura do CNPJ e a realidade financeira dos sócios.
Outros pontos que devem constar nesse instrumento são as maneiras de buscar e de recuperar os recursos em aberto, incluindo cobranças ou processos judiciais, e as metas de irrecuperáveis perdidos com eventuais calotes depois disso.
Desenvolvimento de estratégias para a receita recorrente
Conceitualmente, receita recorrente é o fluxo contínuo de faturamento e de entrada de valores no caixa de uma empresa. Basta perceber que ter liquidez significa ter recursos disponíveis para pagar as dívidas no momento em que elas vencem para entender como isso pode ser valioso para uma corporação.
Muitos negócios têm modelos de monetização baseados nessa ideia. Os streamings de conteúdo, cuja assinatura é mensal, e os desenvolvedores de software que cobram pelo acesso de forma periódica, são bons exemplos.
No entanto, quase qualquer tipo de organização é capaz de criar estratégias que permitam que pagamentos frequentes sejam recebidos e, como feito, melhorem os índices de liquidez. Investir em produtos que tenham uma demanda que não cessa, como alimentos e itens de primeira necessidade em geral, é uma boa opção.
Além disso, quem atua no ramo de manufatura tem a possibilidade de colocar suas mercadorias à disposição por meio de clubes em que os clientes pagam mensalidades ou anuidades e recebem uma entrega surpresa em casa. Outra alternativa — ideal para fabricantes de bens de alto valor agregado — é oferecer um pacote de assistência para realizar manutenções, revisões, melhorias e consertos, se necessário.
As oportunidades são muitas. A dica para gestores é procurar soluções criativas.
Como monitorar os indicadores de liquidez?
O monitoramento dos índices de liquidez precisa ser parte do planejamento estratégico de um negócio. Nesse contexto, o ideal é estabelecer a periodicidade com que serão avaliados, assim como os benchmarkings com os quais devem ser comparados.
A partir dessa providência, os processos de análise envolvidos devem se voltar a compreender a realidade da corporação e quais são as suas perspectivas, sempre transformando os insights em ações. Para tanto, a organização dos dados de maneira a criar uma perspectiva é essencial. Isto é, indicadores que tenham igual abrangência — período, objetivo etc. — devem ser vistos juntos para que o panorama seja compreendido por completo.
Além disso, é primordial que as informações utilizadas para a sua elaboração estejam atualizadas e corretas. Nesse caso, vale revisá-las e jamais fazer cálculos com levantamentos parciais ou antigos.
Nesse cenário, contar com um sistema de gestão financeira de qualidade, que operacionalize as apurações, acaba automatizando fluxos, otimizando o trabalho, gerando produtividade e aumentando a acuidade dos resultados. Todavia, eles dependem da exatidão dos lançamentos realizados para garantir isso. Portanto, duas medidas úteis são: treinar a equipe e integrar os softwares utilizados por todos os setores.
Como visto, os índices de liquidez são métricas simples, mas que trazem importantes informações para gestores e investidores. Podendo ajudar desde o dia a dia do negócio até a tomada de decisão estratégica, fazer esses cálculos tende a impulsionar a continuidade de uma empresa a longo prazo.
Inclusive, um dos fatores que fazem toda a diferença na interpretação desse tipo de indicador é o preparo da equipe financeira. Que tal ajudar o time com isso? Confira 4 maneiras de desenvolver os colaboradores no nosso e-book!